Pesquisadores da Universidade Tongji demonstraram que, pela primeira vez em décadas, a camada de gelo da Antártida voltou a crescer, compensando temporariamente a elevação global do nível do mar em cerca de 0,3 milímetros por ano. Essa notícia traz um contraponto importante às projeções anteriores que indicavam um cenário alarmante para a região e para o planeta.
Tópicos deste artigo
A Antártida
A Antártida é o continente mais austral da Terra, situado em torno do Polo Sul, e é coberto quase inteiramente por uma vasta camada de gelo que pode ter até 4 quilômetros de espessura em algumas regiões.
Com uma área aproximada de 14 milhões de quilômetros quadrados, é o quinto maior continente do planeta, maior que a Europa e um pouco menor que a América do Sul. Apesar de sua grande extensão territorial, a Antártida é um dos lugares menos habitados do mundo, abrigando apenas estações científicas temporárias e uma pequena população de pesquisadores que variam entre 1.000 e 5.000 pessoas conforme as estações do ano.

O clima da Antártida é o mais extremo de todos os continentes, caracterizado por temperaturas médias anuais que podem chegar a -60°C em seu interior, tornando-o um dos ambientes mais inóspitos do planeta.
A camada de gelo antártica é crucial para o equilíbrio climático global, pois contém cerca de 70% da água doce da Terra. A sua massa influencia os níveis dos oceanos e atua diretamente no sistema climático mundial.
Por essa razão, o estudo das mudanças que ocorrem na Antártida é fundamental para compreender os impactos das alterações climáticas e para prever cenários futuros do planeta.
Contexto das projeções anteriores
No final de 2024, um estudo realizado pela Universidade de Dartmouth chamava atenção para o risco do derretimento completo da camada de gelo antártica até o ano 2300.
Esse processo acarretaria um aumento drástico no nível global dos oceanos, ocasionando inundações extensas em áreas costeiras e provocando o deslocamento forçado de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.
Diante desse cenário, a aparente retomada do crescimento da massa de gelo apresenta uma perspectiva mais otimista, embora ainda cautelosa.
Dados e metodologia das novas descobertas
Para analisar as variações na massa gelada, os cientistas da Universidade Tongji utilizaram dados provenientes das missões GRACE e GRACE-FO, que monitoram o campo gravitacional terrestre para detectar alterações no volume de gelo.
Entre 2011 e 2020, esses dados indicaram uma perda média anual de aproximadamente 142 gigatoneladas de gelo na Antártida, atribuída principalmente à desestabilização de geleiras na Antártida Ocidental e em regiões como Wilkes Land e Queen Mary Land, na parte Oriental.
Entretanto, o estudo recentemente publicado na revista Science China Earth Sciences revelou que, entre 2021 e 2023, houve uma reconversão nesse padrão. A massa de gelo do continente aumentou em cerca de 108 gigatoneladas por ano, uma mudança significativa associada ao aumento do volume das chuvas que favoreceu a acumulação de neve e o crescimento das geleiras.
Impactos e limitações da recuperação
Esse incremento no volume de gelo ajudou a compensar a elevação do nível do mar em uma fração considerável, estimada em 0,3 milímetros anuais.
Apesar de ser o primeiro crescimento relevante desde décadas, os cientistas alertam que este fenômeno tem caráter temporário e está ligado a oscilações naturais do clima, não indicando uma reversão definitiva do aquecimento global.
A comunidade científica ressalta que não há garantias de que essa tendência de crescimento se manterá, já que depende de fatores climáticos voláteis.

Ao mesmo tempo, a pesquisa sugere que iniciativas globais para fortalecer a mitigação das mudanças climáticas podem favorecer a recuperação sustentável das massas de gelo no futuro.
Necessidade de monitoramento
Esta descoberta ressalta a complexidade dos processos climáticos que atuam na Antártida e sua relação direta com o equilíbrio do clima global. Embora seja motivo de esperança, ela também reforça a necessidade de monitoramento constante. O rumo da camada de gelo antártica continuará sendo um indicador crucial do impacto das mudanças climáticas nos sistemas terrestres e marítimos do planeta.
Se gostou deste conteúdo e deseja mapear mais conhecimentos na área recomendamos a leitura dos artigos: Desenvolvimento Sustentável x Sustentabilidade: Conceitos e Importância e A GRANDE MANCHA DE LIXO DO PACÍFICO.
REFERÊNCIAS
Após décadas, camada de gelo volta a crescer na Antártida. Disponível em:
Cientistas notam pela primeira vez um crescimento na Antártida. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/cbradar/cientistas-notam-pela-primeira-vez-um-crescimento-na-antartida/>. Acesso em: 11 maio. 2025.