Cidade subterrânea descoberta
Pesquisadores da Universidade de Pisa, na Itália, e da Universidade de Strathclyde, na Escócia, anunciaram uma descoberta impressionante: uma cidade subterrânea localizada sob as Pirâmides de Gizé, no Egito.
A revelação foi baseada em um estudo independente, revisado por pares e publicado no periódico científico Remote Sensing em outubro de 2022. Porém a possibilidade das novas descobertas ainda não foram publicadas
A investigação conduzida por meio de máquinas de raio-X permitiu a detecção de vibrações e foi realizada pela ligação ao Projeto Quéfren.
Essa abordagem inovadora permitiu aos pesquisadores explorar as estruturas ocultas sob o Planalto de Gizé de maneira mais eficaz.
Em um comunicado divulgado no dia 15 de março, foram reveladas informações significativas sobre o local, que se encontra a aproximadamente 1,2 km de profundidade.
Para realizar a análise, os pesquisadores integraram duas tecnologias inovadoras. A primeira delas é o Radar de Penetração no Solo (GPR), uma ferramenta amplamente utilizada no mapeamento do fundo oceânico. Essa tecnologia funciona emitindo pulsos eletromagnéticos que, ao interagir com diferentes materiais subterrâneos, geram imagens detalhadas das estruturas abaixo da superfície.
A segunda tecnologia empregada consiste em impulsos de satélites, que são utilizados para detectar pequenas vibrações provocadas por movimentos sísmicos naturais. Essa abordagem permite que os cientistas monitorem alterações sutis na superfície terrestre, que podem indicar a presença de estruturas ou formações geológicas.
Fonte: Khafre Project
Ao combinar essas duas metodologias, os cientistas foram capazes de criar imagens que revelam o que pode existir abaixo da superfície terrestre. Essa integração de tecnologias não apenas aprimora a precisão das análises, mas também amplia as possibilidades de descoberta em pesquisas geológicas e arqueológicas.
Além disso, as imagens obtidas por meio da tecnologia de radar de abertura sintética (Synthetic Aperture Radar – SAR) possibilitaram a reconstrução tridimensional quase completa do achado, oferecendo uma visão detalhada das características e da complexidade das estruturas subterrâneas.
Tópicos deste artigo
A estrutura em forma de cilindros e cubos
De acordo com Nicole Ciccolo, porta-voz do projeto, os cientistas identificaram oito poços verticais em forma de cilindro abaixo da base da Pirâmide de Quéfren. Esses poços se estendem por mais de 640 metros em direção ao subterrâneo.
Fonte: Reprodução/X – @AnwiiTheFrench
Além dos poços, foram descobertas outras estruturas em forma de cubo, bem como cinco complexos de vários níveis interconectados por passagens. Algumas dessas estruturas estão localizadas a impressionantes 1.210 metros abaixo da superfície.
De acordo com a equipe de pesquisadores, foram identificadas “escadas em espiral” localizadas sob a pirâmide, que indicam a complexidade da estrutura subterrânea.
Além disso, foi encontrada uma plataforma de calcário que abriga duas câmaras, bem como canais que se assemelham a tubulações de um sistema de água. Essas características sugerem a existência de uma grande e elaborada estrutura subterrânea, que até então permanecia oculta.
Essa descoberta não apenas revela a complexidade da arquitetura subterrânea egípcia, mas também levanta novas questões sobre a civilização que construiu essas magníficas estruturas.
Câmaras interligadas e os Salões de Amenti
Cientistas propuseram que as estruturas subterrâneas descobertas podem constituir um sistema de câmaras interligadas, possivelmente associado aos “Salões de Amenti”, que são mencionados nas crenças espirituais do antigo Egito.
Segundo Nicole Siccolo, porta-voz do Projeto Quéfren, em comunicado oficial nas redes sociais, “A descoberta de uma vasta cidade subterrânea, que acreditamos ser a lendária Amenti, redefine completamente nossa compreensão sobre o complexo das pirâmides e a civilização que as construiu”.
Essa descoberta é considerada uma redefinição significativa da topografia da região, trazendo novas implicações para a compreensão da arquitetura e dos rituais praticados pelos antigos egípcios.
A identificação dessas câmaras pode oferecer insights valiosos sobre as práticas religiosas e a organização espacial das construções egípcias, ampliando nosso entendimento sobre a complexidade da civilização que habitou essa área.
A pesquisa continua, e os cientistas esperam que mais informações sobre essa cidade subterrânea possam ser reveladas nos próximos anos.
Controvérsias em Torno da Descoberta Arqueológica
A recente descoberta arqueológica gerou um intenso debate entre especialistas.
O estudo não foi ainda publicado nem revisado para ser aceito pela comunidade científica, mas pode representar um grande passo para a compreensão das antigas civilizações, suas construções e modos de vida.
O professor Lawrence Conyers, um renomado especialista em tecnologia arqueológica da Universidade do Arizona, expressou ceticismo em relação à capacidade das tecnologias atuais de produzir imagens precisas a grandes profundidades, como milhares de metros abaixo da superfície. Ele descreveu as alegações sobre as descobertas como “um grande exagero”.
No entanto, Conyers não descartou completamente a possibilidade de que estruturas menores, como câmaras, possam ter existido na área antes da construção das pirâmides, considerando a relevância espiritual que a região tinha para as antigas civilizações.
Para o professor, a única maneira de validar ou refutar essa descoberta seria através de escavações direcionadas, cuidadosamente planejadas. Ele também enfatizou que, independentemente das críticas, os métodos utilizados pelos pesquisadores italianos e escoceses merecem uma análise rigorosa — como acontece em qualquer debate científico sério.
Já o egiptólogo Hussein Abdel-Basir, ex-diretor geral da área das Pirâmides de Gizé, declarou em entrevista ao jornal Egypt Independent que não houve participação do governo egípcio: “O que aconteceu aqui foi meramente um comunicado, sem um artigo científico publicado em qualquer periódico respeitável e sem um anúncio oficial do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito ou do Conselho Supremo de Antiguidades”.
Por sua vez, Zahi Hawass, ex-ministro das Antiguidades do Egito, fez uma declaração ao jornal The National em que expressou ceticismo em relação a recentes alegações sobre a descoberta de estruturas subterrâneas sob as pirâmides.
Ele afirmou que, ao longo de décadas de investigações arqueológicas, que incluíram o uso de radares e outros equipamentos de alta precisão, nunca foi encontrada qualquer evidência que sustentasse a existência de tais estruturas.
Essa dualidade de opiniões destaca a complexidade das investigações arqueológicas e a necessidade de um exame cuidadoso das evidências antes de se chegar a conclusões definitivas.
Gostou do artigo? Leia mais em nosso site.
Referências
Arqueólogos encontram cidade subterrânea sob as pirâmides do Egito. Disponível em: <https://revistaplaneta.com.br/arqueologos-encontram-cidade-subterranea-sob-as-piramides-do-egito/>. Acesso em: 28 mar. 2025.
R7.COM. Arqueólogos afirmam ter descoberto “cidade subterrânea” sob as pirâmides do Egito. Disponível em: <https://noticias.r7.com/internacional/arqueologos-afirmam-ter-descoberto-uma-cidade-subterranea-sob-as-piramides-do-egito-22032025/>. Acesso em: 28 mar. 2025.
ANTIGO EGITO.ORG. A Misteriosa Cidade Subterrânea Sob as Pirâmides de Gizé: Descoberta ou Ilusão? Disponível em: <https://antigoegito.org/a-misteriosa-cidade-subterranea-sob-as-piramides-de-gize-descoberta-ou-ilusao/>. Acesso em: 28 mar. 2025.
GALILEU. Pirâmides de Gizé guardam cidade subterrânea escondida? Não é bem assim. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/ciencia/arqueologia/noticia/2025/03/piramides-de-gize-guardam-cidade-subterranea-escondida-nao-e-bem-assim.ghtml>. Acesso em: 28 mar. 2025.
SUPER. Descoberta de suposta cidade embaixo das pirâmides do Egito causa controvérsia entre cientistas. Disponível em: <https://super.abril.com.br/ciencia/descoberta-de-suposta-cidade-embaixo-das-piramides-do-egito-causa-controversia-entre-cientistas/#google_vignette>. Acesso em: 28 mar. 2025.
