Data centers na Lua e no espaço: o futuro do processamento

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By Éder Civitarese

A ideia de instalar data centers — centros de processamento e armazenamento de dados — na Lua ou em órbita da Terra pode parecer uma cena saída de um filme de ficção científica. 

No entanto, empresas pioneiras já estão avançando para transformar esse conceito em realidade, impulsionadas pela crescente demanda por processamento seguro, estável e eficiente de dados.

Por que levar data centers para o espaço?

Data centers são grandes estruturas que abrigam milhares de servidores responsáveis por armazenar e processar informações usadas por websites, empresas e governos. 

Com a explosão do uso da internet, inteligência artificial (IA) e serviços em nuvem, a quantidade de dados gerados e transmitidos cresce rapidamente — a demanda por instalações que suportem esse volume deve aumentar entre 19% e 22% ao ano até 2030, segundo a consultoria McKinsey.

Entretanto, a construção de data centers na Terra enfrenta desafios: eles exigem vastas áreas físicas, consomem enormes quantidades de energia e água (especialmente para resfriamento dos equipamentos), além de enfrentar resistência de comunidades locais ao redor de suas instalações. 

Data centers

Instalar esses centros no espaço, seja na órbita terrestre ou na Lua, apresenta vantagens como o uso da energia solar abundante e a ausência de impacto direto no meio ambiente e nas populações locais.

Além disso, data centers espaciais poderão atender às necessidades específicas de futuras missões espaciais, satélites e instalações fora da Terra, com transmissão de dados mais rápida e eficiente entre pontos no espaço do que entre a Terra e o espaço.

Avanços tecnológicos e desafios

Recentemente, a empresa Lonestar Data Holdings, sediada na Flórida, anunciou o envio e teste bem-sucedido de um pequeno data center para a Lua, transportado pelo módulo lunar Athena da Intuitive Machines e lançado pela SpaceX. 

Segundo Stephen Eisele, presidente da Lonestar, um data center no espaço oferece níveis inéditos de segurança, pois os dados podem ser transmitidos diretamente ao espaço sem passar por redes terrestres vulneráveis a ataques cibernéticos.

Paralelamente, a Comissão Europeia financiou o estudo Ascend, elaborado pela joint venture Thales Alenia Space, que avalia a viabilidade e os benefícios ambientais de data centers em órbita da Terra. 

O projeto propõe uma constelação de 13 satélites que, juntos, teriam capacidade de processamento equivalente a grandes instalações terrestres, operando com energia limpa.

No entanto, os desafios técnicos e econômicos ainda são expressivos. O custo por quilograma para enviar equipamentos ao espaço é extremamente alto, chegando a milhares de dólares. 

A criação de infraestrutura para alimentação elétrica, proteção contra radiação, resfriamento em ambiente de microgravidade e manutenção remota são barreiras importantes. 

O clima espacial, com radiações e detritos orbitais, pode danificar circuitos e sistemas, exigindo sofisticados mecanismos de reparo.

Especialistas como o professor Domenico Vicinanza, da Universidade Anglia Ruskin, alertam para essas dificuldades e para o alto custo e complexidade de intervenções humanas em órbita, que podem gerar interrupções prolongadas nos serviços.

O que esperar para o futuro?

Apesar dos desafios, as empresas envolvidas permanecem otimistas. Lonestar pretende inaugurar um data center em órbita da Lua até 2027, enquanto outras, como a Starcloud, planejam iniciar operações em satélites já em 2026. 

Esses projetos visam também atender às crescentes demandas de soberania dos dados, já que, juridicamente, equipamentos espaciais estão sujeitos às leis do país responsável pelo lançamento, configurando uma espécie de “embaixada digital” no espaço.

Quando os data centers estiverem plenamente operacionais no espaço, poderão ampliar a segurança dos dados governamentais e empresariais, reduzir a dependência das redes terrestres e oferecer serviços especializados para o novo mercado espacial que vem ganhando escala.

Embora a distância entre a Terra e a Lua implique um atraso na comunicação de cerca de um segundo e meio, isso não afeta operações de armazenamento e backup de dados de longo prazo, que são fundamentais para a segurança digital.

Portanto, a instalação de data centers na Lua e em órbita da Terra pode aproximar um futuro em que a tecnologia espacial e a informática caminhem juntas, criando soluções inovadoras para os desafios da era digital e impulsionando o avanço da exploração espacial.

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REFERÊNCIAS

Empresa quer construir Data Center na Lua. Disponível em: <https://www.datacenterdynamics.com/br/not%C3%ADcias/empresa-quer-construir-data-center-na-lua/>. Acesso em: 11 maio. 2025.

Os planos para instalar data centers na Lua e em órbita da Terra – BBC News Brasil. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/articles/cd9lyjzpkywo>. Acesso em: 11 maio. 2025.

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